ARTE E DESORDEM - 100 ANOS DO DADAÍSMO
Há 100 anos, em 5 de fevereiro de 1916, o hoje legendário Cabaret Voltaire – o ponto de encontro do artista onde nasceu o movimento dadaísta – foi aberto em Zurique, na Suíça.
O dada, que defendia a coincidência como um dos princípios fundamentais, deliberadamente violou todos os estilos artísticos conhecidos e tradicionais do momento. Foi defendido por Hugo Ball, Tristan Tzara, Richard Huelsenbeck, Hans Arp, Sophie Taeuber-Arp e Marcel Janco.
Tudo começou com as "Dada Evening" (“Noites Dada”) organizadas por Ball e Emmy Hennings, que abriram o popular nightclub frequentado pela comunidade artística da cidade.
Vários artistas apresentavam um repertório bizarro e caótico de performances que refletiam o caos e a destruição causada pela Primeira Guerra Mundial, raivosa fora das fronteiras da Suíça, país neutro à época.
Ball descreveu a Suíça como “uma gaiola rodeada por leões rugindo” e as "Dada Evening" organizadas por ele foram uma reação artística ao que estava ocorrendo na Europa.
“Muitos fatores contribuíram para o desevolvimento do movimento artístico”, escreveu Martin Mittelmeier no recente livro “Dada: Eine Jahrhundertgeschichte - A Century of History”. Mesmo antes da guerra, a modernização e a inovação levaram a um crescimento e desenvolvimento sem precedentes, especialmente na indústria e na economia.
Segundo Mittelmeier, os temas apresentados nos noticiários da época eram surpreendentemente parecidos com os de hoje. "O assunto era sobre pessoas sendo sobrecarregadas pelo mundo cada vez mais confuso. O mundo foi, simultaneamente, tornando-se mais complexo e multifacetado, com parâmetros políticos desatualizados."
A arte frequentemente reagiu à turbulência das guerras e da mudança das condições sociais, com movimentos de avant-garde como expressionismo, cubismo e futurismo. Mas nenhum deles retrabalhou os princípios fundamentais de criação como o dadaísmo.
O legado do dada é de grande alcance. Além das colagens e fotomontagens criadas pelos dadaístas famosos, como Hans Arp, o movimento incentivou a percepção da arte como uma prática criativa total.
Todos os dias objetos são declarados objetos de arte, performances são aceitas como trabalhos artísticos e a poesia foi reclassificada. A redefinição radical do que é arte gerou movimentos subsequentes, como o surrealismo e o grupo Fluxus, sem esquecer o punk e a nossa compreensão de arte contemporânea.
O centenário do movimento será marcado por uma grande quantidade de exposições ao redor do mundo, mas Zurique, berço do dada, tem programação prevista para todo o decorrer do ano.
Fonte: www.mapadasartes.com.br
Texto de Henri Neuendorf originalmente publicado, em inglês, no site ArtNet (www.artnet.com)
O dada, que defendia a coincidência como um dos princípios fundamentais, deliberadamente violou todos os estilos artísticos conhecidos e tradicionais do momento. Foi defendido por Hugo Ball, Tristan Tzara, Richard Huelsenbeck, Hans Arp, Sophie Taeuber-Arp e Marcel Janco.
Tudo começou com as "Dada Evening" (“Noites Dada”) organizadas por Ball e Emmy Hennings, que abriram o popular nightclub frequentado pela comunidade artística da cidade.
Vários artistas apresentavam um repertório bizarro e caótico de performances que refletiam o caos e a destruição causada pela Primeira Guerra Mundial, raivosa fora das fronteiras da Suíça, país neutro à época.
Ball descreveu a Suíça como “uma gaiola rodeada por leões rugindo” e as "Dada Evening" organizadas por ele foram uma reação artística ao que estava ocorrendo na Europa.
“Muitos fatores contribuíram para o desevolvimento do movimento artístico”, escreveu Martin Mittelmeier no recente livro “Dada: Eine Jahrhundertgeschichte - A Century of History”. Mesmo antes da guerra, a modernização e a inovação levaram a um crescimento e desenvolvimento sem precedentes, especialmente na indústria e na economia.
Segundo Mittelmeier, os temas apresentados nos noticiários da época eram surpreendentemente parecidos com os de hoje. "O assunto era sobre pessoas sendo sobrecarregadas pelo mundo cada vez mais confuso. O mundo foi, simultaneamente, tornando-se mais complexo e multifacetado, com parâmetros políticos desatualizados."
A arte frequentemente reagiu à turbulência das guerras e da mudança das condições sociais, com movimentos de avant-garde como expressionismo, cubismo e futurismo. Mas nenhum deles retrabalhou os princípios fundamentais de criação como o dadaísmo.
O legado do dada é de grande alcance. Além das colagens e fotomontagens criadas pelos dadaístas famosos, como Hans Arp, o movimento incentivou a percepção da arte como uma prática criativa total.
Todos os dias objetos são declarados objetos de arte, performances são aceitas como trabalhos artísticos e a poesia foi reclassificada. A redefinição radical do que é arte gerou movimentos subsequentes, como o surrealismo e o grupo Fluxus, sem esquecer o punk e a nossa compreensão de arte contemporânea.
O centenário do movimento será marcado por uma grande quantidade de exposições ao redor do mundo, mas Zurique, berço do dada, tem programação prevista para todo o decorrer do ano.
Fonte: www.mapadasartes.com.br
Texto de Henri Neuendorf originalmente publicado, em inglês, no site ArtNet (www.artnet.com)